4 de jun. de 2012

Uma familia, uma lenda...

Ele era fazendeiro, filho de uma das familias mais abastadas do Sul das Minas Gerais, reza a lenda que seu bisavô era dono de tantas terras que ele doou para a formar dois vilarejos que hoje corresponderiam as cidades de Lavras e Machado, mas era nos cafezais e na doma de mulas e cavalos que se realizava, porque mesmo sendo rico era humilde, justo e integro com os seus, transformando sua imagem num legado para seus seis filhos que vingaram.
Ela também era filha de fazendeiros, linda mulata de olhos verdes, filha de um "liberto" apaixonado pela Sinhá, que só casou com o "negro" por imposição de seu avô que era dono de um dos alambiques mais famosos da região, que em nome da moral e dos bons costumes exigiu tal enlace matrimonial, rezadeira de mão cheia sempre tinha uma simpatia ou uma garrafada de ervas nas prateleiras de sua dispensa, traço esse que passara para 4 das filhas que se tornariam na idade adulta auxiliares e técnicas de enfermagem.
Este casal se uniu no inicio da II Guerra Mundial, época de tempos dificeis as heranças dos anos dourados, foram delapidadas dos dois lados para manter as familias restando para eles um pequeno sitio na hoje cidade de Bandeira do Sul, onde a familia Salles nascia, ao todo segundo conta a filha mais velha foram entre 13 e 14 crianças, das quais vingaram 6, as que morreram foram de complicações no parto, abortos naturais e também por doenças, o marido cuidava das lavouras das fazendas vizinhas, a mulher lavava roupa pra fora e cuidava dos filhos, estavam vivendo uma realidade bem diferente da foram acostumados.
Apesar das dificuldades a vida seguia seu curso, ele conseguira comprar uma venda de secos e molhados e uma sorveteria, além é claro da sua rotina no campo, ela cuidava dos filhos, mantinha a rotina de lavadeira e cuidava da sorveteria, a sorte parecia que ia mudar para melhor, mas o homem sofrera uma infecção que leva a necrose da perna e sua respectiva amputação, guerreiro que era não se deixou transparecer seu abatimento, mas no fundo do seu coração a tristeza estava, não conseguia mais gerir os negócios e deixando na mão de um cunhado, pouco tempo depois morreria e a causa como seu unico filho dizia era o desgosto, por não poder mais cuidar da familia como merecia, meses depois a sua morte sua esposa morreria da mesma causa por não ter a proteção de seu marido.
Deixando os filhos orfãos a propria sorte foram se criando numa casa ou outra e uma fora parar num orfanato, mas se reuniram na adolescencia migrando para São Paulo onde floresceria uma nova realidade com muitas lutas, mas sempre com o legado do pai na mente se transformaram em pessoas de bem enquanto os parentes que ficaram por lá e inclusive lhes roubaram o que tinham diziam que se transformaria o rapaz em bandido, e as moças em prostitutas, mas para pagar a lingua o rapaz foi por muitos anos conferente de carga, se aposentando e se tornando sitiante como o pai, a mais velha fora costureira por muitos anos, e as outras quatro filhas como já dito foram auxiliares e técnicas de enfermagem, todos constituiram familia e seus filhos e netos seguem a trilha do legado de honra e dignidade do avô.
Este é um breve histórico da história de Seu Francisco Salles e Dona Benedita Tomé da Silva, meus avós e seus seis filhos Tia Maria, Tio João Batista, Tia Teresa, Tia Clésia, Dona Dulcinéia (minha mãe), Tia Sidnéia, pessoas impares que com a simplicidade, verdade e autenticidade auxiliaram na formação da familia Salles como se configura atualmente, vô e vó não nos conhecemos mas todos os seus netos e bisnetos tem orgulho de vocês!

3 comentários:

  1. Rafinha, bem sabes o quanto adoro a "Saga" dos Salles. Desde a primeira vez que me contastes insito pela publicação, show! Parabéns!!

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  2. Menino Rafael é que orgulho, estória linda e forte e a luta continua ......grande abraço da Carminha

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  3. Carminha e Djair, em resposta a vocês duas coisas a dizer, obrigado por terem apreciado o blog, e acima de tudo é por vocês que escrevo...

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